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Alta da Selic: impactos na economia, no crédito e no mercado imobiliário

  • Foto do escritor: Heitor Kuser
    Heitor Kuser
  • 9 de mai.
  • 3 min de leitura

Na mais recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central elevou a taxa básica de juros, a Selic, em 0,50 ponto percentual, atingindo o patamar de 14,75% ao ano. Essa é a maior taxa registrada desde julho de 2006 e representa a sexta alta consecutiva promovida pela autoridade monetária. A decisão, unânime, reflete um contexto econômico marcado por expectativas de inflação desancoradas, resiliência da atividade econômica, pressões sobre o mercado de trabalho e projeções inflacionárias ainda elevadas, com fortes influências da instabilidade internacional.


Taxa Selic




Motivações do Banco Central


O Banco Central justificou a elevação com base em um cenário de incertezas e riscos inflacionários maiores que o habitual, tanto para alta quanto para queda da inflação. A instituição afirmou que o estágio avançado do ciclo de aperto monetário demanda cautela e flexibilidade, considerando os efeitos acumulados das decisões anteriores que ainda estão por se materializar na economia.

Entre os fatores de risco destacados para uma possível alta da inflação, o Copom mencionou a persistência das expectativas desancoradas, uma inflação de serviços mais resistente do que o previsto e a combinação de políticas econômicas internas e externas que podem pressionar os preços.


Efeitos imediatos no bolso do consumidor


Com a Selic em alta, uma das consequências mais sentidas pela população é o encarecimento do crédito. Empréstimos, financiamentos e parcelamentos passam a ter juros mais altos, especialmente os contratos atrelados à Selic ou aos Certificados de Depósitos Interbancários (CDI). Isso afeta diretamente o acesso ao crédito por parte dos consumidores, que passam a enfrentar prestações mais caras e menor facilidade de aprovação em financiamentos.

De acordo com especialistas, esse movimento impacta decisões cotidianas, como a compra de um carro, o financiamento de um imóvel ou o uso do rotativo do cartão de crédito. Empresas também sofrem com o aumento do custo do capital de giro e das renegociações, o que pode pressionar ainda mais negócios que já operam com margens apertadas ou níveis elevados de endividamento.


Impactos no mercado imobiliário


A elevação da Selic também gera efeitos importantes no setor imobiliário. Com os juros mais altos, o consumidor perde capacidade de compra, reduzindo o número de novos financiamentos e desaquecendo o mercado. Os bancos tendem a oferecer taxas mais elevadas, tornando os imóveis mais caros para quem depende de crédito, especialmente famílias da classe média, que podem adiar ou até mesmo abandonar seus planos de aquisição.

Além disso, aplicações em renda fixa passam a ser mais atraentes do que a poupança ou o investimento em imóveis, o que leva parte dos investidores a realocarem seus recursos, gerando um movimento de retração no setor.

Vale destacar, no entanto, que programas habitacionais como o Minha Casa, Minha Vida são menos sensíveis à alta da Selic. Isso porque utilizam recursos do FGTS e contam com subsídios públicos, o que permite manter taxas de juros mais baixas e estáveis, preservando alguma acessibilidade ao crédito habitacional para famílias de menor renda.

Do lado da oferta, os custos de produção, que incluem o financiamento para incorporadoras, materiais e mão de obra, também sobem com os juros elevados. Esse aumento pode comprometer a viabilidade de novos empreendimentos, sobretudo os voltados às faixas de menor renda.


Conclusão


A alta da Selic é uma medida de política monetária com amplo alcance, que busca controlar a inflação, mas que impõe custos importantes à economia real. Seu impacto se espalha do crédito ao consumo, passando pelo mercado imobiliário e pelo comportamento dos investidores. Em um cenário de incertezas, o Banco Central optou por uma abordagem mais cautelosa, mantendo a porta aberta para ajustes futuros, exigindo atenção redobrada de consumidores, empresas e investidores.

 
 
 

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