A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) realiza uma pesquisa trimestralmente, com intuito de buscar os indicadores quem implicam no setor imobiliário. Analisar essas dinâmicas proporciona insights valiosos para investidores, empreendedores e profissionais do setor, ajudando a prever tendências futuras e a tomar decisões estratégicas bem-informadas.
Compilamos aqui as informações mais relevantes desta pesquisa.
No segundo trimestre de 2024, houve um crescimento significativo nos lançamentos e vendas, especialmente no segmento Minha Casa Minha Vida (MCMV) e uma recuperação nos lançamentos de média e alta renda (MAP). Este crescimento ocorre em um contexto de recuperação econômica nacional, com dados positivos do PIB, empregos e renda. No entanto, as taxas de juros altas ainda representam um desafio para o crédito imobiliário.
PIB NACIONAL: 1º TRIMESTRE COM CRESCIMENTO DE 0,8%
Variação trimestral do PIB brasileiro na comparação com o trimestre imediatamente anterior
Fonte: IBGE
PIB CONSTRUÇÃO: SETOR CRESCE 2,1% NA COMPARAÇÃO COM 1º TRI/23
A Construção apresentou crescimento de 2,1% frente ao 1º tri de 2023; a perspectiva para 2024 ainda é positiva para o setor, principalmente, decorrente do desempenho do programa MCMV e a retomada dos lançamentos no mercado de média renda
Variação do PIB Nacional e PIB da Construção, trimestre vs mesmo trimestre do ano anterior
Fonte: IBGE
Em junho, o IPCA registrou uma variação de 0,21%, acumulando 4,23% nos últimos 12 meses, ainda abaixo da meta de 4,5% do CMN. A alta foi influenciada por fatores sazonais de safra e pelas enchentes no Rio Grande do Sul. As projeções de inflação foram elevadas para 4,0% em 2024 e 3,87% em 2025.
INDICADORES ABRAINC/FIPE APONTAM AUMENTO EM LANÇAMENTOS, VENDAS E ENTREGAS
Lançamento de imóveis – acumulado em 2024 (até abril)
Fonte: Pequisa ABRAINC/FIPE
Vendas – acumulado em 2024 (até abril)
Fonte: Pequisa ABRAINC/FIPE
O índice VSO (Valor sobre Oferta) trimestral para o segmento MAP foi de 23,0% ao final de abril de 2024, mostrando um aumento de 7,5 pontos percentuais em comparação ao ano anterior. Embora abaixo da média geral dos Indicadores Abrainc/Fipe, esse incremento significativo em 12 meses reforça a tendência de fortalecimento do mercado de médio e alto padrão.
Duração da oferta de imóveis (consumo em meses) segmento MAP – abril 2024
Fonte: Pequisa ABRAINC/FIPE
Duração da oferta de imóveis (consumo em meses) segmento MCMV – abril 2024
Fonte: Pequisa ABRAINC/FIPE
Indicador de Intenção de Compra – junho 2024
Fonte: Pequisa Brain Inteligência Estratégica
Os dados mostram um desempenho robusto nos segmentos MAP e MCMV até abril de 2024. O crescimento em lançamentos, vendas e entregas em ambos os segmentos indica uma recuperação sólida do setor imobiliário, impulsionada pela confiança do mercado e pela crescente demanda por moradias. O segmento MAP destaca-se pelo alto valor agregado e rápida absorção, enquanto o MCMV continua a ser essencial na oferta de habitação acessível, ajudando a reduzir o déficit habitacional no Brasil.
FUNDING IMOBILIÁRIO – SBPE EM QUEDA COM RECUOS NA CAPTAÇÃO DA POUPANÇA
Captação Líquida da Poupança – Trimestral 2021 a 2024
Fonte: Banco Central do Brasil
Saldo Mensal da Poupança 2023/2024
Fonte: Banco Central do Brasil
Distribuição do Funding SBPE – 2022 e 2024
Fonte: Abecip
No segundo trimestre de 2024, o setor de funding imobiliário apresentou uma recuperação significativa. A captação líquida da poupança foi positiva, alcançando R$ 11 bilhões, uma melhoria marcante em relação aos trimestres anteriores e ao mesmo período do ano passado, que registrou uma captação negativa de R$ 13 bilhões. Em comparação, os saldos foram de +R$ 6 bilhões em 2021 e -R$ 6 bilhões em 2022, destacando o desempenho excepcional de 2024.
No entanto, a poupança perdeu participação relativa no total de funding do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos (SBPE), com a crescente relevância das LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LIGs (Letras Imobiliárias Garantidas). A Resolução CMN Nº 5.119/2024 promoveu ajustes nos lastros elegíveis dessas letras, ampliando as fontes de financiamento para enfrentar o déficit habitacional de 7,8 milhões de famílias. Porém, a ampliação do prazo mínimo de vencimento das LCIs de 90 dias para 12 meses resultou em uma redução de 56% na emissão desses títulos nos primeiros meses de 2024, devido à dificuldade dos pequenos investidores em aplicar em títulos de renda fixa com prazo mínimo de um ano.
Taxa SELIC – 2014 a 2024
Fonte: Banco Central do Brasil
Taxas de Financiamento no SFH – 2014 a 2024
Fonte: Banco Central do Brasil
A manutenção da taxa SELIC em patamares elevados tem implicações significativas para o financiamento imobiliário. Embora as taxas de juros do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) não variem na mesma magnitude que a SELIC, existe uma forte correlação entre elas.
FINANCIAMENTOS IMOBILIÁRIOS MOSTRAM RECUPERAÇÃO DO 2º TRIMESTRE, APESAR DOS JUROS ELEVADOS
Financiamentos Imobiliários em valores (RS bi) por mês de 2022 a 2024
Fonte: ABECIP Elaboração: Abrainc
Financiamentos Imobiliários em valores (R$ bi) acumulado por trimestre de 2022 a 2024
Fonte: ABECIP Elaboração: Abrainc
Financiamentos Imobiliários em unidades (Mil) por mês de 2022 a 2024
Fonte: ABECIP Elaboração: Abrainc
Financiamentos de Imóveis em unidades (Mil) acumulado por trimestre de 2022 a 2024
Fonte: ABECIP Elaboração: Abrainc
Apesar dos juros elevados, os financiamentos imobiliários via SBPE mostraram resultados positivos nos últimos três meses. Em junho, o volume total financiado foi de R$ 16,98 bilhões, 3% a mais que no mês anterior, mantendo uma tendência de alta desde fevereiro. No segundo trimestre de 2024, o volume total financiado foi de R$ 49,2 bilhões, um crescimento de 49% em relação ao primeiro trimestre e 34% maior que o mesmo período do ano passado (R$ 36,8 bilhões).
O número de imóveis financiados também cresceu. Em junho, foram financiados 50,4 mil imóveis, uma alta de 3,6% em relação a maio. No segundo trimestre, foram financiados 148,6 mil imóveis, um aumento de 50% em relação ao trimestre anterior (99,1 mil) e 19% maior que o mesmo trimestre do ano passado (125 mil imóveis).
MCMV ALCANÇA RECORDE HISTÓRICO DE CONTRATAÇÕES NO SEGUNDO TRIMESTRE DE 2024
Evolução Trimestral das Contratações em Unidades (Mil) – 2023 a 2024
Fonte: CAIXA - https://canalfgts.caixa.gov.br/sicnl/#/contratacoespub
Evolução Semestral das Contratações em Unidades (Mil) – 2023 a 2024
Fonte: CAIXA - https://canalfgts.caixa.gov.br/sicnl/#/contratacoespub
Evolução Trimestral do Volume Emprestado em R$ bi – 2023 a 2024
Fonte: CAIXA - https://canalfgts.caixa.gov.br/sicnl/#/contratacoespub
Evolução no 1º Semestre do volume de Empréstimos em R$ bi – 2022 a 2024
Fonte: CAIXA - https://canalfgts.caixa.gov.br/sicnl/#/contratacoespub
O Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) teve o melhor segundo trimestre desde sua criação em 2009, com a contratação de 159 mil unidades habitacionais entre abril e junho. Isso representa um crescimento de 17% em relação ao primeiro trimestre de 2024 e um aumento de 40% em comparação ao mesmo período do ano passado. De janeiro a junho de 2024, foram contratadas 295 mil unidades, um aumento de 46% em relação ao mesmo período do ano passado.
Em termos financeiros, o volume de empréstimos no segundo trimestre cresceu 14% em relação ao trimestre anterior e 72% em relação ao mesmo período de 2023. Até junho, o volume total de empréstimos foi de R$ 63,1 bilhões, um crescimento de 83%. O valor médio dos imóveis financiados aumentou de R$ 188 mil no primeiro semestre de 2023 para R$ 216 mil no mesmo período deste ano, um crescimento de 15%.
INCC ESTÁVEL APESAR DOS CUSTOS ELEVADOS DE MÃO DE OBRA
Evolução do INCC – M no acumulado 12 meses
Fonte: FGV IBRE
Em junho de 2024, o INCC-M teve uma variação de 0,93%, subindo em relação aos 0,59% de maio. No acumulado dos últimos 12 meses, o índice foi de 3,77%, uma leve redução em comparação aos 4,29% de junho de 2023. Entre os grupos que compõem o índice, "Materiais e Equipamentos" subiu para 0,48%, enquanto "Serviços" desacelerou para 0,29%. O grupo "Materiais, Equipamentos e Serviços" teve uma variação de 0,46% e "Mão de Obra" aumentou para 1,61%. Destacaram-se as elevações de "Condutores elétricos" (3,58%) e as reduções de "Vergalhões e arames de aço ao carbono" (-0,69%). Capitais como Recife, São Paulo e Brasília apresentaram as maiores elevações nos custos construtivos.
Fonte: "Boletim Econômico Abrainc - 2º Trimestre de 2024"
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